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Akane Banashi Volume 1- Resenha:

  • Foto do escritor: Lucas Freitas
    Lucas Freitas
  • 27 de mar.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 4 de abr.

Rakugo, shounen e humor tudo isso em um belo pacote narrativo que chega até nós em Akane Banashi


Detalhe da capa de Akane Banashi Volume 1, publicada no Brasil pela JBC, onde podemos ver a protagonista, Akane vestida com roupas coloridas de motivo japonês. Ao fundo, vemos seu pai
Detalhe da capa do Volume 1 de Akane Banashi

Então, uma das coisas que mais me fascinam na indústria do mangá é, sem sombra de dúvidas, a diversidade de gêneros e histórias que ele apresenta. Do shounen de batalha ao slice of life, o universo dos mangás possuí gêneros e histórias incrivelmente variados, ainda que sempre pautados pelas convenções de gênero e demografia de seu público-alvo. É nesse sentido que obras como Akane Banashi chegam até nós.


Mas que tal irmos por partes, sim?

Como sempre, eis aqui o sumário para te ajudar a se guiar nesta pequena resenha de Akane Banashi: Akane Banashi e o mangá de hobby


Podemos começar?


Akane Banashi e o mangá de hobby:

Montagem com capas de Bakuman Volume 1, Silver Spoon Volume 1 e Show-ha Shoten Volume 1
Alguns exemplos desse tal "mangá de hobby"

Dentro do vasto universo de gêneros e tipos de histórias fornecidos pelo mangá, Akane Banashi se situa em uma categoria bem particular: o. Mangá de Hobby. Essa designação não é minha. Na verdade, a peguei emprestado do @Hyoercaring 5 em seu post do Medium, e acredito que ela resume bem essa categoria de histórias.


Em resumo, o Mangá de Hobby, tem como foco algum tipo de atividade, seja esporte, jogo, trabalho ou outros, em que um protagonista, ou grupo de protagonistas se dedicam a alcançar o sucesso/maestria na área, muitas vezes discutindo o funcionamento e o processo por trás de seu tema, sendo quase uma produção metalinguística.


Para fixar melhor essa ideia, vamos pegar o exemplo de Bakuman.


Capa do Volume 1 de Bakuman, publicado pela JBC
Capa do Volume 1 de Bakuman, publicado no Brasil pela JBC

Se você já leu a série, a resposta já vai ficar bem clara. Se você não leu, aqui vai um breve resumo bem grosseiro: em Bakuman, acompanhamos a jornada de dois jovens, Mashiro e Takagi, que buscam realizar o sonho de se tornarem mangakás. Takagi por desejar a fama e o reconhecimento, Mashiro para poder se casar e viver com sua paixão do ensino médio, ela também perseguindo seu próprio sonho de se tornar dubladora.


Mas, o que diferencia Bakuman de um romance - apesar de o ser-lo - é a minucia de detalhes com que o processo de criação e publicação de mangás é apresentado ao leitor. De fato, guardas as devidas proporções, temos ali um verdadeiro manual de como a indústria funciona, indo do processo de concepção, às reuniões com os editores até a parte mais difícil da jornada de um mangá, a votação dos leitores.


Viu? Esse é o princípio por trás de um Mangá de Hobby.


Akane-Banashi vai seguir esse mesmo modelo, ainda que seu foco seja outro: o rakugo.


Akane Banashi e o Rakugo:


Cena de uma apresentação de rakugo, arte que dá base para a história de Akane Banashi. Aqui, vemos um apresentador (rakugo-ka), sentado no palco, preparando-se para apresentar sua história
Exemplo de uma apresentação de rakugo

Uma vez que é uma parte vital de Akane-Banashi, é impossível não falar sobre o rakugo antes de começar a resenha propriamente dita.


Para quem nunca ouviu falar de rakugo, essa arte é uma técnica tradicional japonesa de contação de histórias. Nela, o rakugo-ka (contador das histórias), narra algum fato cômico ou trágico envolvendo um grupo de personagens para o seu público. E é aqui que entra a parte curiosa: uma vez que se encontra sozinho no palco, tendo apenas sua memórias e alguns poucos objetos de apoio, o contador precisa ser capaz de mudar sua entonação e postura para dar vida aos demais personagens e suas desventuras.


Para tornar essa imagem mais ilustrativa, você pode conferir uma apresentação da rakugo-ka nipo-brasileira Ramune da história Medo de Manju (Manju Kowai) registrada pela Fundação Japão:


Interessante, não?


Da memsa forma, recomendo este belo artigo da Fundação Japão São Paulo para mergulhar mais a fundo na história desta arte de contação de histórias.


Assim, ainda que seja difícil, em um primeiro momento, imaginar um mangá sobre rakugo, visto as limitações acarretadas por uma mídia desprovida de som, essa forma de arte já foi representada em uma série de trabalhos, como no caso do excelente Showa Genroku Rakugo Shinju, e, claro, no tópico da resenha de hoje: Akane-Banashi.


E é sobre essa série que vamos falar agora.


Akane Banashi Volume 1 - Resenha:


Capa do Volume 1 de Akane Banashi, publicada pela JBC
Capa do Volume 1 de Akane Banashi, publicado no Brasil pela JBC

Tendo iniciado sua publicação nas páginas da Weekly Shounen Jump em fevereiro de 2022, com roteiro de Yuki Suenaga e arte de Takamasa Moue, Akane Banashi apresenta a história de Akane Osaki, uma jovem que tem como sonho se tornar uma rakugo-ka profssional. Marcada fortemente pela expulsão de seu pai da escola do mestre Arakawa, Akane decide seguir nessa carreira para poder confrontar o homem responsável não só pela aposentadoria precoce de seu pai, mas de uma série de outros aprendizes, ao mesmo tempo em que busca provar o valor da arte e do talento de seu genitor.


Sendo um volume de introdução, o Volume 1 de Akane Banashi nos apresenta às linhas gerais da história, começando com a trajetória do pai de Akane e o evento que ocasionou sua expulsão da escola, antes de voltar para o presente e apresentar a jornada da jovem para se tornar rakugo-ka. Nesse processo, é acolhida pelo mestre de seu pai, Shiguma Arakawa, e seus discípulos, dando início ao processo de aprendizagem - e nos apresentando ao elenco de apoio de sua história.


Também nesse primeiro número, somos apresentados aos já característicos tropos do shounen - a protagonista incrivelmente carismática e seu sonho; a criança prodígio que desde cedo demonstra um talento absurdo; o rival do protagonista que aparenta ser melhor do que ele e a competição que se insinua entre ambos.


Ainda assim, por mais que se valha desses tropos, Akane Banashi também traz algumas quebras bem interessantes de expectativa.


Arte da Akane Banashi, representando o fatídico dia da apresentação de Shinta Arakawa, pai da protagonista
O dia que deu início a tudo: a última apresentação. de Shinta Arakawa, pai da protagonista Akane

Não apenas ao trazer uma protagonista feminina para o shounen, mas também ao quebrar as expectativas geralmente associadas às crianças prodígio. De fato, ainda que sua primeira apresentação profissional seja um sucesso, ela só é realizada depois que Akane congela devido ao nervosismo, passando longos instantes de tensão até que ela comece sua narrativa.


Da mesma forma, o puxão de orelha que leva de seu primeiro tutor, Kyoji, a força a tirar sua atenção de si mesma e pensar mais em seu público. Essa lição, que encerra, de certa foram, o primeiro arco narrativo de Akane Banashi, é um passo importante em seu amadurecimento - não só como pessoa, mas também como artista. Afinal, toda arte tem o intuito de se comunicar com alguém, assim, a intenção do artista precisa estar aliada com o público com quem ele pretende falar, do contrário, tem-se apenas ruído.


E, na minha opinião, é aqui que se encontra a beleza de Akane Banashi.


Por mais que siga os tropos do shounen, Suenaga os utiliza apenas como base de sua construção, dando espaço para que seus personagens cresçam e se desenvolvam, ganhando profundidade e aprendendo com o mundo ao seu redor e aos seus erros, da mesma forma que nos leva, como leitores, a pensar sobre o papel do artista em seu fazer artístico e como comunicador.


Um outro ponto extremamente positivo desta série se encontra no belíssimo trabalho de Moue, que, além de ter um traço particular e vibrante, realistas mas, ao mesmo tempo, bem puxado para o cartunesco (em uma definição bem crua), dá vida e peso às expressões e gestos dos personagens, algo vital para o rakugo. Não só isso, consegue criar uma solução maravilhosa para driblar a ausência de som no mangá. Alterando seu traço para apresentar os personagens da história contada, o artista consegue criar um mundo próprio para os causos do rakugo, ao mesmo tempo em que destaca o papel do rakugo-ka como criador e centro desse mundo.


Arte interna de Takamasa Moue em Akane Banashi, um exemplo de como o artista muda seu traço para criar perosnagens ao mesmo tempo que demonstra seu poder de expressividade
Arte do mangá por Takamasa Moue em um exemplo duplo do peso que o artista confere às expressões dos seus personagens e do modo como ele muda o traço para representar os personagens dos causos contados pelo rakugo-ka

Ainda sobre a questão do rakugo, Akane Banashi consegue manter o equilíbrio entre narrativa e informação, algo bastante crítico em uma história do gênero Mangá de hobby, conseguindo apresentar o rico mundo de seu tema com o coração da história que estamos acompanhando.


Como bônus, o mangá traz também uma sessão de extras onde o rakugo-ka Keiki Hayashiya, consultor da obra, nos explica um pouco sobre o mundo do rakugo - como é feita uma apresentação, o processo de entrada e aceitação na área - o que adiciona uma camada bem interessante de conhecimento.


Assim, ainda que possa parecer um tema bastante exótico e peculiar, Akane Banashi é uma experiência extremamente divertida e fascinante, e não minto que estou bem curioso para saber onde essa história vai nos levar.


Recomendo bastante!


Akane Banashi Volume 1 - Informações da edição:

Imagem com as informações técnicas da publicação, contendo não só as informações od mangá, como também imagem da capa do Volume 1 de Akane Banashi

Fico curioso para ler mais sobre Akane Banashi? Então aproveita para adquirir o volume 1 da série no link abaixo:


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Referências:


Anime Planet - Lista de mangás com rakugo como tema (em inglês)

Desinidica Episódio 18 - Showa Genroku Rakugo Shinju (podcast)

Editora JBC - Akane Banashi - A História

Fundação Japão São Paulo - Rakugo

Galeria da Meia-Noite - Dandadan - Quando o Shounen encontra o Shoujo

Medium - Let's talk about Akane-Banashi (artigo em inglês)



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