Gash Bell - Volume 4 - Resenha:

Lucas Freitas
4 de mar.
5 min de leitura

Brigas no parquinho, romances emergentes e rinha de mamodos na resenha de Gash Bell - Volume 4

E depois de um breve hiato de resenhas, finalmente trago aqui a resenha de Gash Bell - Volume 4, dando continuidade à saga dos mamodos em sua luta pelo trono do Makai.

Antes de começarmos a resenha propriamente dita, porém, segue aqui meu muito obrigado ao Carlos Augusto, o fornecedor dessa bela obra que é Gash Bell.

E, caso tenha chegado aqui agora e não saiba sobre o que é Gash Bell ou não acompanhou as resenhas anteriores, você pode ficar em dia por aqui:

Gash Bell Volume 1 - Resenha

Gash Bell Volume 2 - Resenha

Gash Bell Volume 3 - Resenha

Agora, sem mais delongas vamos para a resenha propriamente dita:

Gash Bell Volume 4 - Resenha:

Capa de Gash Bell Volume 4 — *Capa da edição brasileira de Gash Bell - Volume 4*

Dando continuidade aos eventos do volume anterior, em Gash Bell - Volume 4 temos finalmente a conclusão do duelo entre Kiyomaro/Gash e Apollo/Rops e a descoberta de que as emoções do portador do livro podem afetar o desempenho dos feitiços do mamodo, reciclando, assim, o tropo clássico do shounen (tema que já discutimos antes aqui).

Particularmente, acho essa história um jeito bem interessante de se iniciar o volume, uma que já estabelece de saída aquilo que será um tema maior do volume: as relações entre humanos e mamodos.

Não que Makoto Raiku tenha mudado o delicado equilíbrio de suas histórias entre batalhas frenéticas, humor bizarro e slice of life. Pelo contrário, Gash Bell - Volume 4 continua sendo um testemunho da versatilidade do mangaká na construção de narrativas. Ainda assim, a temática de relacionamentos aparece em alta aqui.

Das evoluções do eterno conflito entre Gash e Naomi, cuja rivalidade começa a ter sua origem desenvolvida, ao pequeno arco de Danny Boy, mamodo que, além de assumir uma relação de irmão mais velho com o protagonista, também é um daqueles casos em que tanto o portador do livro quanto o próprio mamodo parecem mais interessados em viver suas próprias vidas do que no grande combate pelo trono.

No entanto, talvez em nenhum outro arco essa dinâmica se torne tão impactante quanto no de Wonglei e Li-en, que, apresentados pela primeira vez neste volume, roubam a cena da história ao colocar Gash e Kiyomaro em rota de colisão contra a mafia chinesa, em defesa do amor do casal inusitado. De fato, temos aqui a primeira vez em que a instância do amor romântico entre um ser humano e um mamodo é apresentado, e é bastante curioso ver como Raiku consegue trabalhar o tema com uma delicadeza diretamente proporcional ao nível de non sense e bizarrice de seus momentos cômicos, apresentando dois jovens que, independente de suas origens, acabam por encontrar força e apoio um no outro.

*Wong Lei e Li-En em ação, imagem de divulgação do anime*

De fato, é curioso como até mesmo o grande obstáculo entre o relacionamento dos dois, o pai de Li-en, acaba por se transformando em um elemento que não apenas fortalece, como define a relação dos enamorados.

Igualmente sensível e delicado são os indícios que Raiku vai plantando sobre as próprias emoções de Tio, mamodo que apareceu no volume 2 e a melhor amiga de Gash, a respeito do protagonista. Aqui, acompanhamos o modo suave como o mangaká vai apresentando os momentos de percepção da jovem sobre seus sentimentos e o constrangimento que surge ao tentar expressá-los, em uma demonstração de amor que, diferente de Wong e Li, ganha uma nuance muito mais infantil e inocente.

Quanto às batalhas, Gash Bell - Volume 4 continua com o ritmo frenético dos volumes anteriores. Não só isso, apresenta algumas inovações bem interessantes. Primeiro, temos o estabelecimento do papel entre a determinação do portador do livro e a intensidade dos feitiços, o que pode tornar até mesmo ataques "fracos" em armas poderosas. Em segundo lugar, temos aqui uma das coisas mais divertidas e incríveis - na minha opinião - que Raiku poderia ter feito: uma batalha de duplas. Aqui, duas habilidades praticamente inúteis virar armas mortais pela união das habilidades de Papipurio e Gorm que, por sua vez, irão culminar na união de Gash e Tio em uma batalha desesperada em um parque de diversões.

Papipurio e Zoboron, a dupla dinâmica dos poderes inúteis - Frame do anime de Gash Bell — *Papipurio e Zoborn, a dupla dinâmica dos poderes inúteis - Frame do anime de Gash Bell*

Ainda em termos de batalha, avançamos também na história principal, com a primeira aparição de Zeno, o irmão maligno de Gash - e que caminha para se tornar o vilão principal da história. Já tendo "aparecido" em outras ocasiões, esta é a primeira vez que vemos o mamodo por inteiro, conhecendo mais de seu temperamento e comportamento, assim como conhecendo o portador do seu livro. Em conjunto, ambos atuam como a antítese de Gash e Kiyomaro, carregando consigo o aspecto mais brutal e violento de toda a disputa pelo trono do Macai.

Encerrando o tripé de narrativas que compõem o universo criador por Raiku, as histórias cômicas em Gash Bell - Volume 4 mantém o belo padrão estabelecido por seus antecessores. Das desventuras de Gash com Naomi, ao dia em que Kioymaro é forçado a abandonar seu companheiro doente em casa, logo sofrendo um julgamento coletivo por parte de seus colegas de sala. O auge do humor, porém, talvez se encontre na última história, que reúne Gash, Cavatrengo, Suzume e a esposa do professor (inicialmente uma gag da história anterior, mas que ganha forma e vida neste capítulo) em um dia de desventuras no shopping center.

Assim, mantenho meu veredicto das últimas resenhas, e continuo dizendo que Makoto Raiku é um verdadeiro mestre da narrativa, variando entre humor, romance e ação, com uma desenvoltura ímpar. E sempre com histórias deliciosas, o que torna Gash Bell uma leitura imperdível.

Por fim, tenho que reforçar a qualidade da entrega da Mpeg, que continua trazendo alguns dos volumes mais belos que já vi em meio aos mangás recentes.

Bem, esta foi minha resenha sobre Gash Bell - Volume 4. Apesar de ainda não saber quando farei a resenha do Volume 5, prometo que a próxima resenha aqui vai ser bem interessante, sobre uma série bem curiosa que mistura beleza, poesia e medicina.

Vou deixar você especular qual será essa resenha.

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