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O Longo Dia das Bruxas - Revistando um clássico

  • Foto do escritor: Lucas Freitas
    Lucas Freitas
  • 15 de set.
  • 11 min de leitura

No artigo de hoje, revisitamos aquela que é considerada uma das melhores histórias do Batman: O Longo Dia das Bruxas para entender o que ela traz de bom. E de ruim.


Arte da capa de encadernado de O Longo Dia das Bruxas, reunindo o Batman e vários dos personagens que aparecem ao longo da série

Como vocês já devem saber, em setembro temos o Batman Day, um dia dedicado ao Cavaleiro das Trevas. Ano passado, escrevi um artigo na coluna da Comic House falando sobre uma das minhas histórias favoritas do personagem: "A Noite do Caçador". Hoje, vou abordar uma história que, para muitos, é um clássico do Homem Morcego, ainda que, particularmente, eu tenha uma série de ressalvas. A história em questão? O Longo Dia das Bruxas.


Sim, muito provavelmente teremos um artigo um tanto quanto polêmico hoje.


Então, vamos começar?


Como sempre, vou deixar aqui um breve sumário para te ajudar a se orientar ao longo do artigo: Apresentando O Longo Dia das Bruxas:


Capa alternativa para O Longo Dia das Bruxas, reunindo o Batman e o elenco de apoio com uma abóbora gigantesca ao fundo

Certo, se você ainda não conhece o Longo Dia das Bruxas, essa foi uma minissérie em 13 edições publicada entre dezembro de 1996 e dezembro de 1997. Com roteiros de Jeph Loeb e arte de Tim Sale (1956-2022) a história funciona como uma continuação do Ano Um, de Frank Miller, apresentando um Batman em início de carreira ainda em sua luta contra a máfia, encabeçada por Carmine Falcone, recebendo a ajuda de duas figuras centrais: o capitão James Gordon (o futuro Comissário) e o promotor público Harvey Dent.


No entanto, as coisas logo começam a mudar de figura quando um misterioso assassino conhecido como Feriado, começa a atacar importantes membros do submundo de Gotham. Iniciando sua matança em um Dia das Bruxas, de onde vem o nome da série, o serial killer de mafiosos mata apenas durante datas comemorativas, deixando para trás um souvenir em referência ao feriado em questão.


À medida em que a história avança, vamos vendo as tentativas do submundo de capturar e se proteger do assassino, ao mesmo tempo que seguimos a investigação do caso pelo Batman e, não menos importante, acompanhamos a queda de Harvey, que se tornará o Duas-Caras.


Sim, ao final de O Longo Dias das Bruxas, temos a transição definitiva do promotor para o vilão, sendo essa considerada por muitos fãs uma das histórias definitivas do personagem ( ainda que, assim como o Nelson, do blog DoubtFire, e o Brian Cronin do CBR, tenhamos a concordar que a melhor história nesse quesito seria a O Olho de Quem Vê, (Batman Annual n.14, 1990), que foi republicada por aqui na edição 16 da primeira temporada de A Saga do Batman).


E esse é, em resumo, a ideia por trás de O Longo Dia das Bruxas.


Agora que já temos um contexto, podemos mergulhar um pouco mais nos pontos positivos e negativos da história:


Gostosuras - O lado bom desse Longo Dia das Bruxas:


Capa da primeira edição de O Longo Dia das Bruxas, que apresenta uma abóbora de Halloween com o sinal do Batman, com um gato preto surgindo por trás

Certo, existem muitas coisas aqui responsáveis por tornar O Longo Dia das Bruxas o clássico que ele é considerado hoje.


Além da arte fenomenal de Tim Sale, responsável por alguns visuais simplesmente deslumbrantes, com uma Gotham extremamente atmosférica, esculpidas em sombras e fumaça, e um submundo que parece surgido dessas próprias sombras. Não só isso, o modo como o artista se vale do espaço negativo para concentrar a ação em certos pontos, como o momento em que o ácido é arremessado contra Harvey Dent, interrompendo a estrutura até então estabelecida para dar a ênfase no momento e, em seguida, prosseguir com uma brincadeira visual com o próprio Falcone e o conceito de dualidade que se tornará a marca do Duas-Caras.


Cena em que o ácido é arremessado no rosto de Harvey Dent

A arte de Sale também traz alguns visuais bem icônicos aqui, sejam em suas splash pages, seja no próprio visual que o artista confere a alguns personagens. Seu Batman, por exemplo, parece uma sombra viva, tal qual vemos na Série Animada. Não só isso, alguns designs dos vilões que aparecem na série são simplesmente deslumbrantes, como é o caso do Espantalho - bastante influenciado pelo filme The Scarecrow of Romney Marsh, de 1963):


O Espantalho, com o design de Tim Sale, cavalga para longe do Asilo Arkham em uma noite chuvosa

Ainda sobre as artes, é importante também mencionar o efeito das cores nas artes de Sale. Por mais que muitas vezes sejam deixadas de lado, a paleta de cores frias de Gregory Wrigth casa maravilhosamente bem com o tom noir e sombrio de O Longo Dia das Bruxas, reforçando bastante a ambientação da obra. Um exemplo bem claro disso, está presente no efeito bem interessante que mostra as ações de Feriado. Quando o serial killer aparece para matar, a sequência de páginas passa a ser dominada quase que exclusivamente pelo preto e branco, sendo as únicas exceções o sangue e o souvenir deixado pelo assassino, apresentando ao leitor os momentos chaves dessa narrrativa noir.


Agora, em termos de história, também temos coisas bem interessantes acontecendo aqui.


Apesar de não ser um grande fã de Loeb como roteirista, tenho que admitir que aqui ele consegue executar uma série de coisas muito bem.


A primeira delas é, sem sombra de dúvidas, a criação de um mundo em crise.


Porque, um dos pontos mais importantes em O Longo Dia das Bruxas é que a história demarca uma mudança no submundo de Gotham, com a queda da Máfia (o crime tradicional) e a ascensão dos super-criminosos, como Coringa, Charada e outros ilustres conhecidos da galeria de vilões do Homem-Morcego.


Splash page que reúne todos os vilões que aparecem ao longo de O Longo Dia das Bruxas

Particularmente, este é um dos meus pontos preferidos da série, uma vez que conseguimos ver toda a evolução da situação, que eu dividiria em 3 pontos:


1) As ressalvas dos mafiosos com essa nova leva de criminosos, visto que eles não compartilham do mesmo conjunto de "regras" e valores;


2) O momento em que se vêm forçados a colaborar com os recém-chegados, visto que seus métodos tradicionais parecem inúteis contra o Batman e seus aliados;


3) A transição definitiva, quando os mafiosos são derrubados e o novo crime se estabelece em Gotham - transição essa que casa com a ascensão do Duas-Caras.


Mais do que isso, a história de Loeb consegue reunir e conectar maravilhosamente bem suas subtramas nesse eixo temático. Porque, ao mesmo tempo que temos a queda da Máfia e ascensão dos criminosos, temos os assassinatos promovidos por Feriado, assim como a queda do próprio Harvey Dent - um representante da justiça tradicional que é marcado e transformado em um novo criminoso.


O Duas-Caras no traço de Tim Sale, apontando a arma para o leitor e lançando sua moeda

Assim, do começo ao fim de O Longo Dia das Bruxas, somos recebidos e acompanhados por esse tom de decadência e transformação que afetam não só os participantes dessa tragédia, mas também a própria cidade onde ela se desenrola.


Então, nesse aspecto, admito que o roteiro de Loeb é simplesmente maravilhoso, e que a história funciona bem.


Mas é preciso lembrar que toda moeda tem duas caras....


Não, essa piada não foi intencional.


Travessuras - Os problemas nesse Longo Dia das Bruxas:


Capa da última parte de O Longo Dia das Bruxas, que apresenta a mesma abóbora do começo, mas agora com um dos lados apodrecido

Então, já que começamos a falar da história de O Longo Dia das Bruxas, é também dela que vem os principais pontos fracos da série.


O primeiro deles vem justamente da grande quantidade de personagens.


Veja bem, eu entendo que um dos pontos da história é mostrar justamente essa transição do centro de poder no mundo do crime. No entanto, por algum motivo que apenas ele poderia nos dizer, Jeph Loeb adiciona uma quantidade absurda de vilões na história. Apenas para ter uma ideia, entre os personagens que aparecem ao longo dos 13 capítulos temos:


  • Coringa

  • Chapeleiro Louco

  • Charada

  • Duas-Caras

  • Espantalho

  • Feriado

  • Hera Venenosa

  • Homem-Calendário

  • Mulher-Gato

  • Solomon Grundy

  • Pinguim


Isso, claro, sem mencionarmos os mafiosos presentes.


Por mais que cada vilão seja trabalhado em algum capítulo para desenvolver o tema do nascimento de um novo submundo do crime, a grande quantidade de personagens termina sendo também uma faca de dois gumes no sentido de que muitos deles terminam subaproveitados.


O Charada em sua participação em O Longo Dia das Bruxas

Um exemplo nítido disso é o caso do Charada, que aparece apenas em um único capítulo para tentar descobrir a identidade de Feriado, em um episódio que termina não sendo abordado novamente ou trazendo qualquer tipo de desenvolvimento para a história. Da mesma forma, a inclusão do Homem-Calendário é igualmente gratuita, visto que a ideia é que o personagem funcione como um Hannibal Lecter que poderia ajudar o Batman a encontrar esse novo assassino, mas cuja participação e contribuição não produzem qualquer tipo de impacto significativo na história.


Isso sem falar no Pinguim, que simplesmente aparece na última edição, sem motivo ou justificativa alguma, e não traz absolutamente nada para a história em si.


E nem vou entrar no tópico da caracterização bizarra de Loeb para o Chapeleiro Louco e o Espantalho, que, por alguma razão, aqui falam apenas por meio de rimas tiradas de Alice no País das Maravilhas ou cantigas infantis, até porque, sendo bem sincero, essa é a única caracterização estranha que a série apresenta.


O Espantalho e o Chapeleiro Louco de Tim Sale em uma discussão

Mas mais do que alguns casos de subaproveitamento, esse desfile de máscaras termina estendendo muito a história, e pior, desviando-a daquele que seria seu ponto principal, os assassinatos cometidos pelo Feriado.


E esse é meu grande problema com O Longo Dia das Bruxas.


Por mais que um certo desvio seja compreensível, afinal, toda a narrativa se desenrola ao longo de um ano, e é preciso ter material para que ela se estenda a esse ponto, o roteiro de Loeb termina se perdendo em sua apresentação das dinâmicas de Gotham, esquecendo que tem uma trama principal que precisa ser resolvida. E isso fica bem claro no modo como o mistério é trabalhado.


Aqui vou entrar na minhas percepções como escritor a respeito da escrita de narrativas policiais. Uma vez que é minha visão, sinta-se livre para discordar e trazer também seus próprios pontos de vista para o debate, certo?


Então, o cerne de uma narrativa policial tradicional se encontra na proposição de um mistério. Um crime que subverte a normalidade e cuja falta de solução gera um impasse que será investigado e resolvido pelo(s) protagonista(s). Ao longo da história, o autor/roteirista tem como função conduzir seus personagens - e leitor - do ponto 0 (o crime) ao ponto final (a resolução). Para isso, ele vai estabelecendo pistas e detalhes que vão permitir a resolução do mistério. Muitas dessas pistas, certamente, serão falsas, de modo a levar a história para impasses e becos sem saídas que irão dificultar a resolução do caso.


Para obter essas pistas, os personagens envolvidos terão que realizar suas investigações, interrogar suspeitos, revisitar cenas de crime, analisar dados e informações, até o ponto em que, finalmente, terão uma ideia de quem possa ser o suspeito.


Em linhas gerais, esse é o modo como uma narrativa policial funciona. E não é, nem de longe, o modo como O Longo Dia das Bruxas opera.


Por mais que a narrativa de Loeb apresente seu mistério como aquilo que seria o fio condutor da história, o mesmo termina logo sendo relegado ao papel de um MacGuffin, se tornando, assim, apenas a desculpa que dá o pontapé inicial e um guia para a narrativa, visto que a própria série muda de foco tão logo começa a apresentar os primeiros super-vilões. De fato, uma vez que entram em cena, todo O Longo Dia das Bruxas traz seu foco para a transição de poder, deixando o mistério em segundo plano.


Batman confronta o Homem-Calendário em busca de informações

Isso, por si só, não seria de todo ruim, visto que não há problema em lidar com uma subtrama. No entanto, o que O Longo Dia das Bruxas faz é esquecer que se propõe a resolver um mistério. Por mais que ele o utilize como força motriz, e o mantenha presente para dar os fechamentos de seus capítulos, em nenhum momento a história de Loeb apresenta aquele que é o cerne da narrativa policial; a investigação.


Com exceção de alguns poucos momentos em que o caso é mencionado e o Batman parece procurar por pistas, ou interrogar o Homem-Calendário, poucas são as vezes em que testemunhamos qualquer tipo de investigação ou tentativa de entender o caso. Até mesmo as pistas que Loeb vai oferecendo ao longo da história, são bem poucas e precárias, de modo que não conseguimos ter sequer uma ideia de quem possa ser Feriado. Assim, quando chegamos ao final de O Longo Dia das Bruxas, ficamos não só confusos como também bastante decepcionados e bem, bem frustrados.


E aqui fica o alerta de spoiler.


Ao final, descobrimos que Alberto Falcone, filho de Carmine é o assassino. No entanto, ele não é o único assassino. Sim, no encerramento da história, descobrimos que não só o próprio Harvey Dent estava envolvido nessas mortes, como também Gilda, sua esposa. Mas vamos falar sobre isso por partes, sim?


Sequência, em preto e branco, onde o Feriado prepara sua amra antes de matar sua próxima vítima

Como se não bastasse apresentar nenhum tipo de pista ou evidência sobre o seu mistério,

Loeb quer convencer o leitor/leitora de que, ao longo de 1 ano, 3 pessoas diferentes cometeram os assassinatos de figuras importantes do submundo de Gotham. Não só isso, essas 3 pessoas conseguiram se alternar para realizar os crimes, jamais se encontrando e seguindo uma mesma lógica de alvos, de modo

que há apenas 1 assassinato por feriado. Isso tudo sem jamais se comunicarem entre si. E mais: dos 3 assassinos, apenas 1 deles teria fácil acesso ao submundo, sendo os outros dois - um promotor público e uma dona de casa - as pessoas mais improváveis de conseguirem se aproximar de suas vítimas.


Reclamo bastante disso porque, no fim do dia, isso termina sendo uma trapaça que o roteirista faz com o leitor. Ao não priorizar a investigação e ao não fornecer informações o suficiente para que ele/ela possa identificar o assassino, o mistério policial é jogado pela janela, visto que é virtualmente impossível que qualquer pessoa, que não o próprio Loeb, possa descobrir o assassino, o que torna tudo um tipo de farsa. Afinal, tudo o que temos é a palavra do roteirista determinando quem é Feriado, não uma investigação ou provas que sustentem essa descoberta.


E aqui, novamente, trago a questão do excesso de personagens. Se tivesse moderado um pouco mais no uso da galeria de vilões, Loeb certamente teria tido tempo para poder trabalhar melhor seu mistério, conseguindo trabalhar com suas pistas e elementos necessários. Como está, porém, esse eixo narrativo termina se perdendo nesse verdadeiro desfile de caras e máscaras do submundo de Gotham.


E, na minha opinião, essa é a pior falha de O Longo Dia das Bruxas.


Cara ou Coroa - Veredicto sobre O Longo Dia das Bruxas:



Dito isso, quer dizer que O Longo Dia das Bruxas é ruim?


Bem, sim e não.


Vilões do Batman reunidos ao final de O Longo Dia das Bruxas

Se vamos ler a história como uma narrativa policial tradicional, onde há um mistério que precisa ser resolvido, O Longo Dia das Bruxas falha miseravelmente em sua proposição. Não só por deixar seu grande mistério em segundo plano, mas também por simplesmente ignorar todo o processo por trás da investigação que torna a narrativa policial interessante. De fato, termina sendo um "então, o assassino é fulano porque eu quis." Não só isso, a proposição final dos 3 assassinos beira ao ridículo.


Agora, se vamos ler a história como uma peça de transição, onde o eixo do poder do submundo de Gotham saí dos criminosos tradicionais e passa para as mãos dos super-criminosos, bem, então o Longo Dia das Bruxas se torna uma leitura fenomenal, visto que poucas vezes antes vimos esse processo ser retratado com tanta clareza e beleza na mitologia do Homem-Morcego.


Assim, minha opinião é de que, se você está procurando um bom mistério envolvendo o Batman, você pode esquecer O Longo Dias das Bruxas. Agora, se você quer uma história que apresente o universo de um Homem-Morcego ainda em começo de carreira, com uma bela tragédia e uma representação de um momento chave na história de Gotham, e tudo isso acompanhado por uma arte incrível, então, essa história é para você mas, como eu disse, com suas ressalvas.


Mas e você? Quais suas opiniões sobre O Longo Dia das Bruxas?



Então, ficou curioso para conhecer O Longo Dia das Bruxas, ou quer ter suas próprias opiniões sobre o assunto? Então confira abaixo os link da Amazon para que você possa adquirir seus exemplares. No caso, além da versão gringa, deixo também as edições que saíram tanto pela Panini quanto pela Eaglemoss - que aqui aparece apenas com o Volume 1 porque o 2 se encontra por um valor extorsivo.


Batman: O Longo Dia das Bruxas - Edição Definitiva (Panini)

Batman: The Long Halloween

DC Graphic Novels. Batman. O Longo Dia das Bruxas. Parte 1




Referências:

Ambrosia - Entenda o que é um MacGuffin com 11 exemplos clássicosBlog

Blog da Comic House - Essa é a mais bela história do Batman já produzida

Caverna do Morcego - Resenha de O Longo Dia das Bruxas (vídeo)

CBR - The Greatest Two-Face Stories Evert Told

Disney Fandom - The Scarecrow of Romney Marsh

Guia dos Quadrinhos - A Saga do Batman - Série 1 - número 16



E antes de encerrarmos, gostaria de deixar aqui o aviso de que também tenho uma newsletter! Duas, na verdade.


Na primeira, a Curadoria da Meia-Noite, você encontrará textos mais leves e soltos do que os presentes aqui no site, assim como também algumas listas e recomendações. Essa news tem periodicidade quinzenal e você pode conferi-la aqui:


Curadoria da Meia-Noite - News Quinzenal


Já a segunda, o Arquivo do Terror, traz traduções de creepypastas e outras histórias de terror. Essa news, até pelo nível de trabalho, tem a periodicidade mensal, e você pode conferi-la aqui:


Arquivo do Terror - News Mensal



No mais, por hoje é só!

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